setembro 24, 2011

COLUNA RODOLFO VALVERDE: MET OPERA EM NOVA TEMPORADA


The Metropolitan Opera, carinhosamente chamado de MET, é a maior companhia e o maior teatro lírico dos EUA e, em muitos aspectos, do mundo. Desde 1966, situa-se no Lincoln Center for Performing Arts, mas sua fundação remonta a 1880.

O MET apresenta uma das mais extensas temporadas operísticas do mundo (perde apenas para a Ópera de Viena), que vai de setembro a maio com encenações praticamente diárias. Os dias sem récitas são amplamente compensados pelos sábados que, durante toda a temporada, apresentam duas óperas, uma matinée (12h30, horário de NY) e outra no tradicional horário noturno. De dezembro a maio, todas as matinées são transmitidas ao vivo em áudio por uma extensa rede de radiodifusão ao redor do mundo, e também na web: os já históricos Saturday Broadcasts, que se iniciaram há 80 anos.

A cada temporada, cerca de 26 óperas diferentes são encenadas, sendo que parte delas em novas produções (neste ano serão 7, com uma estreia mundial) e o restante em montagens de repertório. É importante notar que o MET, originalmente uma das casas mais conservadoras e tradicionais do mundo, vem se abrindo, nos últimos anos, a produções modernas e inovadoras, como atesta o novo ciclo do Anel do Nibelungo, de Richard Wagner, concebido por Robert Lepage.

Entretanto, do ponto de vista tecnológico, o MET sempre esteve na vanguarda. Nele, foram realizadas as primeiras gravações ao vivo, em 1900, e, maior das revoluções perpetradas, inaugurou as transmissões operísticas em alta definição para cinemas ao redor do mundo em 2006, com a entrada do visionário Peter Gelb na direção geral do teatro. Com as portas abertas pela casa nova-iorquina, várias outras companhias, principalmente européias, se somaram ao mais novo e poderoso canal de divulgação. Aqui no Brasil, as transmissões do MET foram trazidas pela MOBZ em 2009, em um projeto em franca expansão, e excepcional resposta do público.

Diretor musical do MET desde 1975, 0 maestro James Levine é a base mais sólida da fortíssima reputação artística obtida pela companhia nas últimas décadas, referência que se soma ao trabalho administrativo realizado por diretores gerais como Rudolf Bing (1950-1972) e Joseph Volpe (1990-2006). Com Bing, inaugurou-se o novo teatro do Lincoln Center (com 3800 lugares e excelentes recursos técnicos e acústicos) com a estreia mundial da ópera Anthony and Cleopatra, de Samuel Barber (estrelando a grande diva afro-americana Leontyne Price).

Ao contrário da maioria dos teatros europeus e latino-americanos, o Metropolitan Opera não depende de investimento estatal, mas de patrocínio e investimentos particulares.

A 6ª temporada a ser transmitida em HD pelos cinemas começa em 15 de outubro com a estreia tardia na casa, 171 anos após a sua primeira performance, da ópera Anna Bolena, do mestre do bel canto italiano Gaetano Donizetti, interpretada pelo talento dramático incontestável (e voz idem) da soprano russa Anna Netrebko. Seguem o mozartiano Don Giovanni, ainda em outubro, Siegfried (terceira ópera da tetralogia wagneriana) e Satyagraha, ópera moderna de Philip Glass, em novembro. Diversificado e instigante! No próximo post, comento mais.

Dúvidas, sugestões: escreva para rodolfo.valverde@mobz.com.br

Um comentário:

Cleyton disse...

15 de outubro: estaremos lá (seja em qual cinema for).

Seus comentários são sempre ricos e oportunos.

Parabéns, Rodolfo!

Cleyton (São Paulo)